terça-feira, 12 de setembro de 2017

O Departamento Masculino em Teresópolis (1940-1952)


Em 1935 a Irmandade da Candelária adquiriu uma propriedade na aprazível Teresópolis para servir como colônia de férias para as internas do Departamento Feminino. Tratava-se de uma chácara de 24 mil metros quadrados na qual estava construída uma casa, com frente para a Rua Gonçalo de Castro, nº 421. Era então um casarão de três níveis (porão e dois andares), conhecido como "Vila Rosinha", nome de sua anterior proprietária. Para além da casa, a propriedade compreendia também um belo e diversificado bosque, de mata atlântica, enriquecido com espécies que seus antigos donos haviam trazidos dos lugares por onde viajavam.
A Vila Rosinha em 1926 (fonte "Reminiscências de Teresópolis")

Apesar de grande, porém, a casa não tinha espaço suficiente para comportar todo o grupo de meninas, cerca de duzentas. Foi preciso que a Candelária fizesse obras de ampliação e adaptação, mas sem lhe alterar o estilo.  Com a presença das meninas durante os meses de janeiro e fevereiro, o local passaria a ser conhecido como o “Retiro da Candelária”.

Considerando que a propriedade ficava sem uso durante o restante do ano, resolveu a Irmandade, na provedoria de Antonio Louçã de Moraes Carvalho, ali recriar, em 1940, o Departamento Masculino, que havia sido encerrado em 1915.

O ato de inauguração do novo Departamento deu-se a 28 de julho daquele ano. Celebrou-se uma missa, pelo padre Leonardo Carrescia, capelão da Candelária, acompanhada pelo coro das alunas do Departamento Feminino. 

Nessa nova etapa do Departamento Masculino definiu-se como lotação inicial o número de trinta alunos e para administrar a unidade foram convidadas as Irmãs da Congregação de São Vicente de Paulo, as Vicentinas, que já colaboravam com a Irmandade na gestão do Hospital Frei Antonio. A direção ficou aos cuidados da Irmã Alegria, auxiliada pelas Irmãs Antoinete e Gabriela. Algum tempo depois estas últimas seriam substituídas pelas Irmãs Vicência e Luiza, da mesma congregação.  

A instalação do Departamento Masculino no imóvel de Teresópolis não impediu que ele continuasse sendo utilizado pelas meninas durante as férias de verão. Isso, entretanto, obrigava os meninos a transferir-se para o Rio de Janeiro, para outra propriedade da Irmandade conhecida como “Retiro da Graça”, localizada em Cachambi (Méier).  

O colégio proporcionava então apenas o curso primário, equivalente aos primeiros quatro anos do atual ensino fundamental. Era a própria Irmã Alegria a responsável por ministrar as aulas, seguindo o programa oficial. As provas parciais ou finais, entretanto, eram feitas nas escolas oficiais locais. O ensino do catecismo ficava sob a responsabilidade da Irmã Antoinete e a ginástica a cargo da Irmã Gabriela. 
Os meninos entravam com 6 a 8 anos de idade e saíam, via de regra, ao final do curso, em geral com 11-12 anos. Entretanto, não foram poucos os que permaneceram por mais alguns anos sob os cuidados das freiras. Vários chegaram mesmo a permanecer até a faixa dos 14-16 anos.

O último ano letivo realizado no local foi o de 1952.  No dia 28 de dezembro desse mesmo ano estavam todos instalados no prédio da rua Teixeira Júnior, que a Irmandade havia adquirido anos antes, na provedoria de Alfredo Afonso Simões.

Pelo que representaram na reabertura do Depto. Masculino em Teresópolis e sua instalação definitiva na rua Teixeira Júnior, no Rio de Janeiro, os retratos dos provedores Antonio Louçã e de Alfredo Simões, dividem o salão de honra do colégio, ao lado do patrono, Gonçalves de Araújo.


Antonio Louçã de Moraes Carvalho (à esquerda) e
Alfredo Afonso Simões (à direita)

Durante esse período passaram pelo colégio 94 alunos. Ao final de 1952 permaneciam inscritos 28, dos quais 27 foram transferidos para as instalações da rua Teixeira Júnior, pois um deles havia sido admitido no Seminário de Petrópolis. Quase todos estiveram presentes à festa de inauguração e posaram para uma fotografia em uma das sala de aula das novas instalações, na companhia da Irmã Alegria.

Os meninos de Teresópolis: 1º dia na Teixeira Júnior
(foto: Arquivo da Candelária)


(texto revisado em 02/10/2017)




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