segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Último dia

Quinze de dezembro, domingo. 1957. Dia da festa de encerramento do ano letivo. Como ocorria todos os anos, a cerimônia constava de premiações aos que se haviam destacado nos estudos e no comportamento. Minha mãe e a tia Olímpia estavam lá. Minha participação no vestibular para o Pedro II foi reconhecida e elogiada, mesmo sem se saber ainda o resultado. Recebi uma nova medalhinha dourada de “honra ao mérito” e um prêmio em dinheiro creditado numa conta de poupança que eu poderia retirar quando fizesse dezoito anos. 

Os lauréis eram importantes, mas o momento mais aguardado, depois de quatro anos de internato, era o momento de cruzar o portão de ferro com a certeza de que não teria que retornar no ano seguinte.

Encerrada a festa, começaram as despedidas. À sensação da liberdade juntava-se a sensação das perdas. Deixavam também o colégio naquele ano o Rogério, o Marcos e o Walter, companheiros de quatro longos anos. Também saíam os que terminaram a 4ª série naquele ano. Talvez jamais voltasse a encontrá-los. Iriam todos enfrentar novos desafios em mundos diferentes. A única certeza era de que nenhum de nós esperava encontrar uma vida fácil.

À saída, as professoras e freiras desejaram-nos boa sorte. Teriam motivos para pensar que nunca mais nos veriam. Tinham cumprido sua missão.

O portão estava aberto. Cruzá-lo já não tinha mais nenhum significado especial. Era apenas uma passagem.

Minha mãe e eu alcançamos a rua e seguimos a pé para o Campo de São Cristóvão onde também acontecia o encerramento do ano letivo no Departamento Feminino.

Era um dia quente, prenunciando o calor intenso de mais um verão carioca. A rua já estava calma e silenciosa como sempre, indiferente aos transeuntes. Íamos falando dos novos problemas e de como as coisas se arranjariam dali por diante.

Um comentário:

  1. Sabe alguma coisa a respeito da Aida Cury q estuadava por essa época no Internato feminino?

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