A história do colégio começa no distante ano de 1881 quando alguns membros da Irmandade da Candelária lançam a idéia de instituir um “Asilo para a Infância Desvalida”. Antonio Gonçalves de Araújo revela-se, então, um dos membros da Irmandade que mais apoiam a idéia. Aprovado o projeto, a instituição faz construir um prédio no campo de São Cristóvão onde o asilo deveria funcionar. Mas por dificuldades não previstas tudo tem de ser adiado e o tal prédio acaba por ser vendido ao governo Imperial que ali vai instalar, em 1888, o internato do Colégio Pedro II (que até então funcionava na Rua São Francisco Xavier, na Tijuca).
O prédio do Colégio Pedro II (que nos primeiros anos da República passou a se chamar
“Ginásio Nacional”) no Campo de S. Cristóvão.
Gonçalves de Araújo falece em 1889 (21 de setembro), antes que a irmandade encontrasse uma nova solução para o asilo. Ao ser aberto o seu testamento, entretanto, descobre-se que ele deixara mil e quinhentos contos de reis - quase toda a sua fortuna – destinados exclusivamente para a criação do asilo. Determina esse documento que duzentos e cinqüenta contos de réis devem ser aplicados na construção ou aquisição de um prédio onde o asilo deve funcionar, e que os restantes mil duzentos e cinqüenta contos devem ser investidos de forma que o rendimento sustente as despesas com a manutenção do colégio e dos internos. Finalmente, recomenda aos testamenteiros que não sendo possível criar uma instituição nova fosse o legado repassado à Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, para o seu Asilo da Infância Desvalida.
Antonio Gonçalves de Araújo
Suas vontades são cumpridas e o colégio é construído no campo de São Cristóvão e inaugurado a 30 de dezembro de 1900. Curiosamente, o colégio se situa bem em frente ao prédio que fora vendido ao Imperador. O responsável pela construção é o empreiteiro português Antonio Teixeira Rodrigues, conde de Santa Marinha, que entrega a obra no dia 31 de agosto daquele ano.
O conde de Sta. Marinha (do flickr de sergioasrosas)
A demora, entretanto, altera bastante os valores originalmente previstos. O custo da construção alcança cerca de 1.300 contos de réis (ou 5 vezes mais do que o estimado por Gonçalves de Araújo0, mas os rendimentos do capital investido durante os dez anos anteriores permitem cobrir o gasto maior. Fica, ainda, do legado original, um patrimônio em imóveis que em 1901 esá avaliado em 1.585 contos de réis e produz uma renda anual de 155 contos anuais.
O educandário do Campo de São Cristóvão, em um antigo postal.
As primeiras crianças a entrar para o Gonçalves de Araújo são 31 meninas, todas com idades entre 7 e 10 anos, transferidas de um outro asilo mantido pela Candelária, o Recolhimento de Nossa Senhora da Piedade. Dali também vêm as três jovens acima mencionadas, para ajudar nos serviços.
Nos primeiros tempos o colégio acolhe crianças de ambos os sexos. Depois a Candelária decidiria aceitar apenas meninas naquele prédio e criar um departamento masculino em outro local. Isso, contudo, só viria a ocorrer muitos anos mais tarde, e bem longe dali, em Teresópolis.
O internato In Ferreira da Rosa, “Rio de Janeiro, 1905”.
Agora, o nome das primeiras pessoas contratadas para dar atendimento às internas na data da abertura das aulas, a 21 de julho de 1901:
Diretor: Benjamin Franklin de Ramiz Galvão (barão de Ramiz Galvão)
Regente e professora: D. Paulina Monteira de Barros Pereira da Silva.
Capelão: Pe. Thomaz Aristóteles Guizan
Médico: Dr. Luiz Alves Pereira
Inspetora de alunas: D. Carolina Freire
Roupeira: D. Armida Vasconcelos
Almoxarife: Manoel Martins de Castro
Porteiro: José de Almeida Figueiredo
Auxiliares da inspeção escolar: Evarista Silva, Silvina de Sousa e Silva e Constança Neves (egressas do Recolhimento de N.S.da Piedade)
Fonte: “Relatório apresentado à Irmandade do Santíssimo Sacramento da Freguesia de Nossa Senhora da Candelária pelo seu provedor Julio César de Oliveira em 31 de julho de 1901. RJ. Olympio de Campos. 1901.
Interessantíssimo ! Desconhecia completamente essa história. Felizmente (ou não, quem sabe?) não ficou o masculino definitivamente em Teresópolis. A proximidade entre os colégios, masculino e feminino se mostraria mais do que apenas necessário por questões logísticas; a questão socio-educativa e cultural pedia que houvesse essa aproximação. Afinal de contas era um internato, não um seminário ou convento.
ResponderExcluirAmilcar, estudei no EGA e desconhecia a sua história. Viajo no seu texto e a partir dele resolvi resgatar um pouco da história do meu bairro (São Cristóvão), a princípio através das fotos. Se quiser ver me adiciona (tatianaquino@gmail.com). Obrigada pela sua iniciativa. Beijos.
ResponderExcluirTive a Honra de estudar neste Educandário, durante oito anos da minha vida(1984 à 1992)
ResponderExcluirGuardo ótimas recordações desses anos. Mantenho contato com várias "meninas" graças a tecnologia (internete).
Pôder saber da história do meu querido e inesquecível internato, me deixa bastante emocionada, tudo à repeito muito me interessa.
Obrigado pela oportunidade!!
Gostaria muito de saber mais sobre a história desse educandário, meu irmão estudou um tempo lá ele só saia nos finai de semana.Agora estou fazendo pós graduação sobre o ECA, Estatuto da criança e do adolescente, e estou me interessando sobre tudo que está ligado a eles.
ResponderExcluirPor favor pode me postar material...obrigada.
Att Luciana
"nossa adorei saber un pouco mas dessa historia fui internata do E.G.A durante 10 anos da munha vida e tenho muitas saudades desse tempo
ResponderExcluirmuito obrigado por essa linda historia
salve Araujo doce amigo e eterno fundador"
essa escola é a melhor!!
ResponderExcluirnaum tem ourta igual!
Estudei no período de l949 a l959. Estou tentando encontrar amigas que tenham estudado nesse período, ou outro próximo.
ResponderExcluirEstudei com a Aída Curi.
Caso alguém tenha interesse em encontrar amigos que lá estudaram, criei uma página no Facebook para este fim, no endereço abaixo.
https://www.facebook.com/pages/Educand%C3%A1rio-Gon%C3%A7alves-de-Ara%C3%BAjo/204872192939307
Estudei no EGA durante 9 anos da minha vida, no período de 1980 a 1988. Tenho ótimas recordações daquele tempo. fiz muitos amigos, alguns mantenho contato até hoje, mas a maioria deles, infelizmente, não tenho mais notícias. É uma época que dá uma SAUDADE ENORME. Salve gonçalves de Araújo pela iniciativa de ter criado este lugar tão mágico e salve, também, a irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, por manter até hoje este lugar INESQUECÍVEL. Tenho certeza que este é um sentimento da maioria daqueles que tiveram o privilégio de ter passado por lá. Tenho saudades também das pessoas que trabalhaaram lá, como os funcionários, os professores, enfim, todos que de alguma maneira, ajudaram na nossa formação. MUITO OBRIGADO!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirÉ uma pena não ter um site do Educandário ainda. Meu enteado estuda lá e fiquei interessado sobre a história e o trabalho realizado pela instituição.
ResponderExcluirAbraços,
Anderson.
É uma pena não ter um site do Educandário ainda. Meu enteado estuda lá e fiquei interessado sobre a história e o trabalho realizado pela instituição.
ResponderExcluirAbraços,
Anderson.
Pena, é ter acabado com o colégio, fui interna de 59 a 69, e sinto saudades. Obrigada por nos fazer relembrar tão lindo período.
ResponderExcluirFui interna no período de 1966 a 1972. Hoje estive lá num encontro de ex-alunos, foi maravilhoso reviver e rever amigas tão queridas. Abençoado Educandário Gonçalves de Araújo.
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